Efeito Lúcifer

O que eu falei no meu post sobre a TV tem outros fundamentos.
Em primeiro lugar, a TV é escrava do feedback. Audiência. Números.
Ponto final. É “Indústria Cultural”, e não “Cultura Industrial”.
Vox Populi , e assim caminha a (des)umanidade.
A sociedade vai forjando seus caminhos à medida que caminha o seu errático passo pela História, e não existe no Mundo Social algo que desobedeça à equação Estímulo/Resposta, pesquisa de opinião até nos Tempos de Napoleão.
Cada tempo forja suas fórmulas com base nas respostas coletivas, e na Era da Conectividade o perigo é iminente, de se estar gerando o Pesadelo de Amanhã. Até aí, sem novidades no Mundo, é claro que estamos, mas a diferença brutal do tempo atual é a “Velocidade”.
O Mundo enlouqueceu, e começa a ferver. É muita gente.
Quero hoje abordar o tema pela vertente da Linguística.
Não é a Ideologia que cria a Linguística.
É o inverso.
Quando as falas tóxicas, machistas, racistas , homofóbicas ou de qualquer outra forma de depreciação humana, mesmo que de brincadeira, (e a maldade também pode, costuma ser lúdica), chamam a atenção, causam esgares e risos de prazer, agradam a uma patuléia exaltada, convictamente ignorante, não é a ideologia que está por trás. A Ideologia está pela frente. Está sendo criada.
A fala é o berçário do Inferno de Dante.
A Gênese da serpente é a forma pela qual o ressentimento se comunica.
É importantíssimo acordar para esse fato: os “costumes” de uma época podem ser mais “determinantes” do que “consequentes” de uma Era de Trevas.
O que há por trás da Linguística Viciada é sempre o Ressentimento.
Porque ressentimento existe em qualquer ser humano, o que varia é como cada um trabalha com essa energia.
A maneira disso se manifestar é que é a Gênese da Ideologia.
E não o inverso.
Isso é bem claro para Noam Chomsky, e já era um alicerce para Marcuse, Habermas, Lukáks, Sartre, Beauvoir, Arendt, todos os pensadores, desde Platão , até mesmo para o Ortega y Gasset…muito legal, que andei lendo… mas nem sempre me convencendo…
…não sou muito versado em nenhum deles, devo confessar, admiro quem se dedica a pensar, mas eu… pobre compositor…só dei umas pinceladas aqui e ali…de um lado para o outro, ao sabor do meu prazer de ler… porque só por relevância, sem prazer, não dá …
Os tempos atuais estão muito favoráveis para a filosofia deitar e rolar… haja vista a tantos Pondés, Cortellas , Karnais, Djamilas, Tiburis, e etc…
Nesse et coetera cabe um pouco de tudo…Só não cabe discurso excludente, de ódio.
Existe um aspecto humano importante que eu quero abordar que é a náusea.
A náusea é um componente coletivo poderoso, até explosivo, nas formulações de toda a truculência humana.
Quando voce vê, ouve, lê, ou se conecta a um conteudo qualquer que lhe causa náusea, algo muito peculiar acontece no seu sistema interior.
Andei lendo sobre uma formulação interessante, o “efeito Lúcifer”…
As diversas linguísticas ideológicas se valem desse efeito, porque ele desperta um tipo de resposta imediata ao nível das serotoninas, endorfinas e outras “inas” da química cerebral, o que pode provocar “prazer no desprazer”. Uma adicção.
A toxina vicia.
Da mesma forma, quando o coletivo gera uma energia de repulsa, seja num reality deprimente, seja numa programação “mundo-cão”, paradoxalmente se cria no córtex cerebral horizontalizado
(distribuído) de uma comunidade …uma energia que é muito poderosa, e é altamente manipulável.
Amadurecer para viver em sociedade é conseguir perceber os mecanismos que nos fazem dar “buscas de curiosidade” em certos conteúdos que se tornam mais atraentes justamente por serem escandalosos, ridículos, bizarros , aberrantes, brutais, inaceitáveis, insuportáveis,
O “efeito Lúcifer” é uma tendência que faz o Cérebro Coletivo se comportar de uma determinada maneira e não de outra.
Sempre a favor do “perverso”.
Nunca a favor da concórdia, da pacificação.
Já perceberam o fundamento disso na estruturação do “Humor” ?
Como é que a comunicação passa sempre a privilegiar o lado podre ? Como é que a comunicação humana sempre aumenta os holofotes no “negativo ?” … na “destruição ?”… na “derrocada ?”
Me lembro bem da capa da revista com a foto inacreditável do meu amigo Cazuza, precisava daquilo ?
Tantos anos se passaram, aquilo mudou ?
Quem se compraz com a náusea ? Vendeu revista ? Adiantou ? Evitou a falencia ? Ou tudo se encontra, na nossa incomensurável mediocridade falimentar ????????????
Não quero polemizar com as elevadas esferas da Teologia, da cultura espiritual, mas o “efeito Lúcifer” é algo a não ser ignorado !
Toda vez que o “coletivo” tem a opção de escolher, escolherá pela náusea.
A Humanidade está estranhona… mesmo !!!
Quando vamos nos libertar ?