Epifania da Vida Eterna II

Viver seria eterno. Em si.

Eterna seria a vida que vivemos de fato, e não uma “continuação” em outro “Plano Superior” . Isso poderia parecer claro para mim. Mas não é. É nebuloso.

Não existe “undo” do verbo Viver.  Não se poderia “desviver”.

É por isso que a vida seria eterna.

O conjunto de vivências de um ser é indestrutível. Indelével. E vejam bem : qualquer Ser.

Não precisaria ter “consciência” para ter uma alma, uma “ânima” eterna. Os Seres vivos, uma vez existidos, passariam a Ser Eternamente.

Vivido foi, registrado estaria, eternamente, porque o Tempo é uma ilusão, e no Plano Metafísico do Universo não existiria um Curso do Tempo.

A VIda Eterna seria, pois, uma dádiva, simplesmente porque tudo aquilo que vivemos jamais morrerá.

Não haveria como desfazer nenhum milésimo de segundo da vida que nós vivemos, e esse seria o grande Mistério libertador,

A Vida Eterna não seria um roteiro que nos coubesse percorrer na linha do Tempo, porque o Tempo seria uma representação da nossa percepção daquilo que chamamos Vida.  Não seria assim que a Vida funcionaria, ao longo de uma linha.  A Existência não seria relativa, seria Absoluta.

Qualquer proposta de “meritocracia para a Vida Eterna” seria, portanto, uma Heresia contra a Natureza Divina da Vida. Poderia existir, sim, em nós, a Consciência dessa Permanência, e é por isso que poderíamos desenvolver o arbítrio da Vontade, para modificarmos nossos comportamentos e deixarmos um legado eterno de qualidade, a nossa Vida, que sempre ficaria para sempre.

Qualquer suposição de Hierarquia na concessão da Vida Eterna seria então uma fantasia, uma prisão, um determinismo criado com o objetivo de submeter, escravizar, aquilo que já seria, em si, Divino e Atemporal.  Vivo.

Viver seria Libertador. Morrer também.

Porque a Humanidade se esforçaria tanto em criar Sumbissão ?

Epifania da Vida Eterna

Ontem, vendo um debate no Canal Curta ( aliás um canal que frequento porque é ótimo – uma raridade…) de repente me veio uma “sensação reveladora” . Adoro “sensações reveladoras” porque são involuntárias e geralmente revolucionárias…

De repente,  num relance, num flash , me veio uma foto do que seria uma outra realidade que nós ignoramos ( ou fazemos de conta que ignoramos )

…e se a tão decantada “Vida Eterna” , tão preciosa para a construção daquela estrutura luxuosa, a elaboração daquilo que nos acostumamos a chamar de “Religião” … fosse nada mais do que a mera representação de nossa precariedade infinitesimal ?

Eu vivo me perguntando, diante de um Cemitério : “O que está ali ?” “O que é aquilo ?” … me perguntando diante de um Templo : “Quem mora ali ?”   … “Mas não está em toda parte ?” , “Então o que habita naquele lugar ?” , “Aquelas torres buscam o que ?”  “Aqueles sinos chamam para onde ?”  “Aqueles altares oferecem o que ? e para Quem ?”

Mas não me chamem de ímpio, porque Creio.

Tenho o direito de Crer do jeito que eu quiser.

E a minha Crença é profundíssima, no Mistério.  E a minha Crença no Mistério já é , em si, uma Revelação. A Minha Revelação,

e que não É de Ninguém mais. Porque Creio na Santidade do Desapego.

… e se a “Vida Eterna” fosse mais uma prisão inventada pela própria perversidade humana ?  Para que, realmente, Vida Eterna ? Para a nossa Vaidade ?  … e se ao morrer, simplesmente, de morte morrida, estivéssemos libertos de fato ? Sem continuação ? Algum problema em não ter Continuação ? Porque e Vida teria que ser um Seriado ? Com os Próximos Capítulos ? E se morressemos sem nenhum compromisso de coisíssima nenhuma além desta vida tão temporã, de carne-e-osso, tão real e concreta quanto as vidas das conchinhas do mar, das algas, das medusas, das borboletas e lagartixas, das pulgas, dos mosquitos, das bananas e figos, de cada gão de trigo filho do mesmo Universo Criador, e nada, nada além dos cães tão sentimentais, dos gatos tão sensíveis, dos queridos chipanzés, das formigas tão militares, dos falcões e águias mais arrojados, dos golfinhos mais perceptivos, dos bichos-preguiça meditativos, dos chipanzés quase humanos, de toda a sensacional variedade da vida na Terra, uma bênção do Universo à qual simplesmente faríamos parte, miraculosamente pertencentes a uma biosfera raríssima e preciosa… ?

… e que tal estarmos livres de qualquer estrutura hierárquica ?

Não seria a promessa da VIda Eterna uma condenação ?  Porque tanto apego à Permanência ?  Permanecer porque? Para que ? Para a glória de que mistificação criada por nossa pretensão ? E ainda à nossa semelhança ? Mas isto não seria uma concepção absolutamente “caipira” ? Somos suburbanos do Universo ? A quem beneficia a idéia de um Plano especial para a Espécie Humana ? Precisamos disso ?  Em nome disso, quanta água já passou debaixo da ponte das mazelas da Humanidade ?

A  idéia da morte como LIbertação é perfeita. Teriámos realmente que ir para algum lugar ? Esta vida prodigiosa na Terra não nos basta ? Que história mal contada é essa de um tribunal celeste ?  E mesmo que tivéssemos nossas contas aprovadas pela Comissão de Sindicância , qual monotonia eterna de platitudes e prazeres-sem-fim nos aguarda ?

Não seria isto uma idéia ridícula ?

Não me levem a mal pelas perguntas.

Nâo são heréticas, eu juro.  Perguntar não ofende. Sei que fui concebido assim mesmo, perguntador, e o Universo gosta disso, eu confesso,

Confesso até que perguntar é o meu segredo.

Porque o Universo não está aí para ser respondido. Só Perguntado.

Esse é o Princípio do meu Respeito.

Efeito Lúcifer

O que eu falei no meu post sobre a TV tem outros fundamentos.
Em primeiro lugar, a TV é escrava do feedback. Audiência. Números.
Ponto final. É “Indústria Cultural”, e não “Cultura Industrial”.
Vox Populi , e assim caminha a (des)umanidade.
A sociedade vai forjando seus caminhos à medida que caminha o seu errático passo pela História, e não existe no Mundo Social algo que desobedeça à equação Estímulo/Resposta, pesquisa de opinião até nos Tempos de Napoleão.
Cada tempo forja suas fórmulas com base nas respostas coletivas, e na Era da Conectividade o perigo é iminente, de se estar gerando o Pesadelo de Amanhã. Até aí, sem novidades no Mundo, é claro que estamos, mas a diferença brutal do tempo atual é a “Velocidade”.
O Mundo enlouqueceu, e começa a ferver. É muita gente.
Quero hoje abordar o tema pela vertente da Linguística.
Não é a Ideologia que cria a Linguística.
É o inverso.
Quando as falas tóxicas, machistas, racistas , homofóbicas ou de qualquer outra forma de depreciação humana, mesmo que de brincadeira, (e a maldade também pode, costuma ser lúdica), chamam a atenção, causam esgares e risos de prazer, agradam a uma patuléia exaltada, convictamente ignorante, não é a ideologia que está por trás. A Ideologia está pela frente. Está sendo criada.
A fala é o berçário do Inferno de Dante.
A Gênese da serpente é a forma pela qual o ressentimento se comunica.
É importantíssimo acordar para esse fato: os “costumes” de uma época podem ser mais “determinantes” do que “consequentes” de uma Era de Trevas.
O que há por trás da Linguística Viciada é sempre o Ressentimento.
Porque ressentimento existe em qualquer ser humano, o que varia é como cada um trabalha com essa energia.
A maneira disso se manifestar é que é a Gênese da Ideologia.
E não o inverso.
Isso é bem claro para Noam Chomsky, e já era um alicerce para Marcuse, Habermas, Lukáks, Sartre, Beauvoir, Arendt, todos os pensadores, desde Platão , até mesmo para o Ortega y Gasset…muito legal, que andei lendo… mas nem sempre me convencendo…
…não sou muito versado em nenhum deles, devo confessar, admiro quem se dedica a pensar, mas eu… pobre compositor…só dei umas pinceladas aqui e ali…de um lado para o outro, ao sabor do meu prazer de ler… porque só por relevância, sem prazer, não dá …
Os tempos atuais estão muito favoráveis para a filosofia deitar e rolar… haja vista a tantos Pondés, Cortellas , Karnais, Djamilas, Tiburis, e etc…
Nesse et coetera cabe um pouco de tudo…Só não cabe discurso excludente, de ódio.
Existe um aspecto humano importante que eu quero abordar que é a náusea.
A náusea é um componente coletivo poderoso, até explosivo, nas formulações de toda a truculência humana.
Quando voce vê, ouve, lê, ou se conecta a um conteudo qualquer que lhe causa náusea, algo muito peculiar acontece no seu sistema interior.
Andei lendo sobre uma formulação interessante, o “efeito Lúcifer”…
As diversas linguísticas ideológicas se valem desse efeito, porque ele desperta um tipo de resposta imediata ao nível das serotoninas, endorfinas e outras “inas” da química cerebral, o que pode provocar “prazer no desprazer”. Uma adicção.
A toxina vicia.
Da mesma forma, quando o coletivo gera uma energia de repulsa, seja num reality deprimente, seja numa programação “mundo-cão”, paradoxalmente se cria no córtex cerebral horizontalizado
(distribuído) de uma comunidade …uma energia que é muito poderosa, e é altamente manipulável.
Amadurecer para viver em sociedade é conseguir perceber os mecanismos que nos fazem dar “buscas de curiosidade” em certos conteúdos que se tornam mais atraentes justamente por serem escandalosos, ridículos, bizarros , aberrantes, brutais, inaceitáveis, insuportáveis,
O “efeito Lúcifer” é uma tendência que faz o Cérebro Coletivo se comportar de uma determinada maneira e não de outra.
Sempre a favor do “perverso”.
Nunca a favor da concórdia, da pacificação.
Já perceberam o fundamento disso na estruturação do “Humor” ?
Como é que a comunicação passa sempre a privilegiar o lado podre ? Como é que a comunicação humana sempre aumenta os holofotes no “negativo ?” … na “destruição ?”… na “derrocada ?”
Me lembro bem da capa da revista com a foto inacreditável do meu amigo Cazuza, precisava daquilo ?
Tantos anos se passaram, aquilo mudou ?
Quem se compraz com a náusea ? Vendeu revista ? Adiantou ? Evitou a falencia ? Ou tudo se encontra, na nossa incomensurável mediocridade falimentar ????????????
Não quero polemizar com as elevadas esferas da Teologia, da cultura espiritual, mas o “efeito Lúcifer” é algo a não ser ignorado !
Toda vez que o “coletivo” tem a opção de escolher, escolherá pela náusea.
A Humanidade está estranhona… mesmo !!!
Quando vamos nos libertar ?