Gratificação do Emburrecimento

Emburrecer é gozoso. Isso é facilmente constatado quando a realidade perversa constroi as suas pseudo-narrativas de razoabilidade.

Existe um processo de prazer na negação da inteligência, que faz da estupidez uma das formas de toxina mais viciantes que existem. A perda voluntária da sensibilidade produz o entorpecimento de todo arcabouço moral, um alívio ao desconforto resliliente e compulsório da consciência.

Quando o indivíduo entra no processo da auto negação no vício, o objetivo central é aniquilar os desafios cotidianos da verdade e da virtude. Encher a cara, drogar-se, perder o fio da meada, são formas de transgredir o eterno controle da existencia, gerando uma zona de penumbra em que o tempo e o espaço deixam de fazer sentido, tornam-se elásticos e amorfos como uma goma, uma geléia geral de auto indulgência no terreno do absurdo. O tempo é como uma prisão, que jamais nos dá trégua.  O entorpecimento estupefaciente bombardeia basicamente essa estrutura sem trégua, a vida inexorável , o Eros insaciável . Essa penumbra é o reino do Tanatos, da Negação.

O emburrecimento por indução coletiva também age da mesma maneira sobre as zonas de prazer do nosso sistema tão complexo quanto enclausurante.  A inteligência também pode ser percebida como uma prisão. Entrar nesse processo de desinteligencia nem é tão complicado de se explicar. Muito mais intrigante é buscarmos responder porque é tão difícil sair depois :  Uma vez instalado no território confortável da burrice, o (des)indivíduo torna-se um robô sem autonomia de seus atos, em troca da sensação de segurança que o coletivo brutalizado oferece.

Eis a matéria-prima para os dominios totalitários.