Balanço no Natal de 2014

Cobranças e respostas de final de ano…
Em 2014 vou procurar os meios para prosseguir a minha independência no mundo.
Vou esperar menos respostas de um mundo que já não existe mais.
Vou ter paciência com os fãs que cobram mais resultados, que me acusam de estar ausente da “grande mídia”, que dizem “ter saudades” de mim, que eu deveria isso, que eu deveria aquilo, que eu poderia fazer “x”, que eu poderia conseguir “y”… Em 2013 simplesmente tivemos o que conseguimos, se não fizemos mais é porque o mundo respondeu uma porção de “nãos” pra gente.
Em 2014, “vou acreditar” nos incentivos e elogios dos apresentadores da grande mídia, que dizem que são amigos, falam que são muito fãs da gente, abertamente, e até no ar, mas não dispõe de espaço pra gente ir lá cantar. Esses mitos, principalmente televisivos, são prisioneiros de uma busca desesperada pela audiência, e não podem descolar o olho do audienciometro. Tenho pena deles, na mesma medida que eles não têm a menor condescendência com a gente, e mantêm as portas para o público hermeticamente fechadas. Em 2014 eu prometo continuar indo adiante, não desanimando. Todos sabem os programas de TV que disseram um “não” rotundo para mim, este ano, uma verdadeira vergonha. Até mesmo depois de ganhar o melhor disco do ano no Multishow, com um produto independente na melhor acepção do termo, por um selo caseiro, totalmente familiar e humilde, de forma espetacular, meritória, mas surpreendente. Sou citado sempre como “referência”, como “sucesso”, como “grande Guilherme Arantes!” … Calouros me escolhem para seu caminho ao sucesso, jurados rasgam o verbo, todo mundo “paga pau”, me sinto uma unanimidade, mas é só um passado glorioso. No presente, o que encontramos são ( algumas ) portas fechadas, e acabou. Nem preciso citar nomes aqui. Preciso, sim, dizer que estou pouco me lixando para a mera lembrança desses nomes. Porque isso ocorre só numa parte miserável da “grande mídia”. Agradeço, e muito, os canais, as pessoas e apresentadores que se abriram, que deram espaço, sempre generoso… Esse espaço foi precioso pra mostrar que não estou morto, e que, mais do que nunca, temos o que dizer. Não nos espaços miseráveis, onde não podemos opinar sobre coisa alguma, mas só cantar pílulas de 2 minutos de grandes sucessos…Engraçado, não é ? Em muitos programas de “debates” com freqüência chamam “celebridades” enfeitadas, de araque, ícones da fama que não têm nada a dizer …Quando eu era mais moço, mais tímido, ainda bem que nem existia nenhum espaço pra falar…Era entrar, caitituar a música de trabalho e ir embora. Ainda bem, porque eu ficava muito nervoso na TV…Hoje, tudo são os “talk shows”…E deu pra nos sairmos muito bem, em 2013. O que pudemos fazer, foi dez !!! Quem viu, viu… Com a idade, há um declínio visual, mas há um crescimento na articulação, na sabedoria, na cara-de-pau pra falarmos e principalmente pra pensarmos em publico…Por isso mesmo, hoje, nos shows, a constatação crescente é de que nunca estive tão bem, com a voz inteira e incrível, todos os dias alcançando notas dignas de Jon Anderson do Yes… as histórias de canções e de vida fazendo de cada show uma celebração que marca vidas…As musicas novas, do novo disco, encontrando um eco, uma receptividade inédita na carreira de 40 anos. Muitos colegas cantores e compositores vivem essa mesma realidade. E eles são muito talentosos, inspirados, muito numerosos, e enfrentando muitas dificuldades numa mídia perversa, uma mídia muitas vezes “do mal”… Em 2014, vamos ficar antenados no sobe-e-desce, na troca das cadeiras do mundo. O tempo e a verdade são implacáveis. Vamos estar de pé. Quantos impérios e potentados caíram nestes 40 anos de trajetória…O importante é que não temos medo. Desculpe aí se frustrei expectativas, mas o que foi possível, a gente conseguiu. O que a gente não conseguiu, é porque o mundo disse “não”.
Continuaremos com “a arte de sorrir cada vez que” isso acontece. Fecho o ano agradecendo a sorte de não ter entrado em roubadas, nem ter sido apunhalado ao vivo, como um colega recentemente, ao ter sua vida pessoal devassada de forma espúria, inaceitável…tudo em nome da “sagrada audiência”…E lembrem-se bem: prefiro não citar nomes. Aqui, ficou tudo muito bem subentendido…Feliz Natal !

( 25 de Dezembro de 2013 )