Marinha do Brasil , valores…

No dia 13 de Dezembro é comemorado o Dia do Marinheiro, data tradicional da Marinha do Brasil, tão nobre, poética, e extremamente musical em seus valores e símbolos. Tenho um antigo e amplamente divulgado histórico de relacionamento com a Marinha, muito devido à incorporação da música Planeta Água ao projeto Amazônia Azul, que todos os brasileiros deveriam conhecer – um estudo dos biomas da plataforma continental e das imensas águas territoriais brasileiras. Há necessidade de um “plano de manejo” perante a Organização Mundial do Comercio, país que não implementar isso, corre perigo de perder soberania “em prol da homanidade” ( sic…) Os brasileiros nem sabem disso. A disputa internacional pelas riquezas incalculáveis desse gigantesco universo, ainda tão longe de ser plenamente conhecido, é uma luta em que todos deveriam se alistar, ou ao menos se conscientizar. As águas internacionais são motivo de uma cobiça sem limites, tanto na pesca predatória quanto em várias outras práticas criminosas, na impunidade da mais vil pirataria.
É a Marinha do Brasil que cumpre a árdua missão de garantir a nossa soberania, e a proteção militar da biodiversidade. Briga de cachorro grande. Nações historicamente agressivas querem reduzir a área sob jurisdição brasileira, e o Brasil conta com uma Costa marítima monumental, uma das maiores do planeta. A área em questão é maior do que a da Amazônia, símbolo supremo da preservação natural…daí o título de Amazônia Azul. A sua riqueza biológica, mineral, é algo inimaginável.
Uma emoção muito pessoal a respeito…
Vou contar um episódio importante na minha vida, relacionado à Marinha : Em 2012 fui convidado a participar das comemorações centenárias dos Fuzileiros Navais, com a Orquestra Sinfônica da nobre corporação, no Theatro Municipal do Rio. Foi uma noite de gala, inesquecível. Quem tiver curiosidade, publico um link de youtube no final deste texto…
Pois bem…A apresentação, em arranjos inspirados e execução impecável, foi de uma beleza única…E, para coroar a noite, quando adentrou no Teatro o conjunto completo de gaitas escocesas ( uma tradição belíssima dos fuzileiros ) o meu arrepio e as lágrimas compulsivas foram difíceis de conter. Me lembrei imediatamente do papai, fã ardoroso da Marinha, dos Fuzileiros, e especialmente das gaitas escocesas…E pensei no orgulho que ele deveria estar sentindo do filho, que, de um simples cantor de auditório, havia se transformado em compositor de prestígio na MPB, e daí, pelas voltas que o mundo dá, veio a ser incorporado por instituições tão nobres, devido ao conteúdo de suas músicas…Aquela cena, aquele som contagiante das gaitas penetrou em territórios desconhecidos da minha alma. É em momentos desse naipe que descobrimos a importância de valores como o orgulho dos antepassados, orgulho de termos uma Pátria. Essa emoção está sempre pronta a aflorar, se manifestar, eclodir em atitudes concretas da nossa relação com o Brasil. Ela precisa ser plantada, lá na terra inocente da infância, para um dia florescer e frutificar, como aconteceu comigo, e com tantos compatriotas da minha geração e das gerações de nossos pais, de nossos avós. Por mais que tenhamos que avançar céleres nas transformações sociais, na inclusão dos excluídos, na evolução das instituições rumo às tão almejadas igualdade, fraternidade e justiça, no desmantelamento dos privilégios e perversidades, não será jamais extirpando os símbolos fundadores da República que lograremos o êxito do Brasil se transformar no País idealizado por todos. Quando dizemos “país idealizado por todos”, temos que lembrar dos nossos antepassados que lutaram para permitir que chegássemos até aqui. Gente que lutou e morreu nas Guerras. Gente que suou a camisa, como meu pai, para ser um médico e trabalhar como um leão pelo bem dos pacientes, dando plantão , com orgulho, num hospital público, operando esfaqueados no Carnaval, salvando a vida de pessoas pobres, muitas vezes até de bandidos. Uma vez, vi meu pai chorar em casa, calado, sem conseguir nem tomar uma sopa na mesa do jantar, solitário, tarde da noite, exausto e desesperado por não ter conseguido salvar uma vida numa mesa de cirurgia, tendo feito massagem cardíaca de emergência, tendo lutado com uma vida humana nas mãos. Penso quantas vidas ele conseguiu salvar, sendo o cirurgião que era. Esse espírito iluminado que me guiou, com certeza estava ali chorando comigo, ao ouvir as gaitas escocesas dos Fuzileiros Navais. Então é essa lembrança de honradez e amor ao semelhante, ao coletivo, ao ideal, que precisa estar presente em todos os dias de luta, de guerra e de paz.
No Dia do Marinheiro, minha homenagem à gloriosa Marinha do Brasil.

( 08 de dezembro de 2013 )