O Sono Reparador

Me conforta lembrar de quando eu era menino,
Deitar no quarto das férias,
cansado da praia, das pescarias, do futebol, ou dos rolimãs e pipas no interior calorento…
O cheirinho da palha do colchão, as cigarras chiando alto nas mangueiras, com seu cheiro da resina pegajosa das mangas, o apito da araraquarense ou o rugido das ondas distantes do mar… o cheiro do spray do litoral… os aromas, sempre os aromas do afeto !
E o bolo da vovó, no forno ? O assado alvissareiro do Natal… Qualquer simples aroma naquela hora, era ouro puro para eu adormecer…feliz.
O sono da criança. Uma infância, uma juventude simples no Brasil…parece um sonho..
E acordar horas depois, novinho em folha…
Hoje me conforta essa lembrança, como se, ao acordar, eu pudesse estar, outra vez, novinho em folha…
Mas é só ilusão.
Sei que, ao acordar, vou logo me tocar de que não me restaurei naquele sono suave, volto a perceber minhas dores e limitações de quem não voltará a estar novinho em folha.
Mas a sensação da simples lembrança desse adormecer…já me conforta.
A vida é isso.
Sempre haverá uma ilusão de um recomeço.
Na verdade, não há recomeço nenhum porque nada volta… sempre será uma retomada do caminho.
Sempre em frente.
Fecho os olhos então, e vou de encontro com minha essencia restaurada, porque o universo que a minha alma fabrica estará sempre novinho em folha.