Estar a Caminho e o Passeio Público

Recebo diariamente muitas criticas e cobranças por “estar parado” .
Na maioria, são críticas veladas, críticas “construtivas”, sugestões, ou um mero estranhamento, em forma de perguntas sobre o que anda acontecendo comigo.
Ou melhor: “O que anda “desacontecendo” comigo ?
Porque, acompanhando as redes sociais, as pessoas em geral parecem precisar viver nessa frenética atividade, pra se manterem “vivas”…Enquanto isso, o Guilherme…parece desanimado, sei lá…
Recebo criticas severas, e até de mim mesmo, porque não estou “produzindo” fatos, números, marcas, agendas, interações, likes, etc..
“Viver é… produzir”, quem não “produz” não está “vivo”
Devo esclarecer, inclusive – e muito especialmente – para mim mesmo, que estou engendrando algo. Engendrar é muito mais importante do que essa tal “vida virtual da produção pública”.
A “produção” é o motor dos Sistemas sociopolíticos, pro isso mesmo chamados de “Modo de Produção” : Capitalista, Comunista, etcoetera e tal.
Na nossa presente “Era Social”, “Produção” significa “Produção Pública”.
Ora, se estou “engendrando” é porque estou ocupado fazendo algo na vida, seja em projeto privado, seja em alguma potencial direção no Tempo e no Espaço, então eu não teria tanto tempo assim para me dedicar à divulgação perante a curiosidade social.
Viver é como amar : verbo intransitivo, conjuga-se.
Independentemente dos nossos pendurucalhos circunstanciais.
Ando tão ocupado…que meus músculos corporais andam reclamando de tamanha carga de trabalho.
Ora, algum motivo eu tenho para estar em tamanho “movimento” , em tamanha atividade, e em tamanha privacidade no traçado e na execução de um plano que não diz respeito a ninguém.
Posso estar reavaliando tudo, também, o que não deixa de ser um tipo muito peculiar de “Produção”.
Posso estar desmantelando estruturas, limpando terreno.
Não existe virtude apenas na “Construção” .
A Desconstrução, a Reciclagem, o Redesenho, e se quiserem – para eu me mostrar pós-moderninho – a Ressignificação também fazem parte desse fluxo complexo que é a Vida Real.
Vejo as pessoas nas redes, a maioria sorrindo: sempre tive um estranhamento muito profundo com o “sorriso”.
Devo ser um chato sem graça.
Diretores de TV sempre me advertiam : voce não sorri, voce é pão-duro de sorriso, o mundo gosta de quem sorri. Sorria mais !
Aí eu olho meus vídeos, desde o começo lá menino, realmente todos tinham razão. Que dificuldade essa minha para arregaçar os dentes e conquistar os arregaçamentos de dentes da platéia !
Vejo os cartazes, vejo os anúncios, vejo as celebridades, vejo as telas de TV, de computador e de smartphones. Sorrisos, dentes por todas as partes. Que tribo curiosa essa chamada de humanidade…que milenarmente costuma aliciar a Taba mostrando os dentes para significar algo positivo que crie interesse e abra a comunicação.
No meu silencioso desmantelamento de projetos, na maioria projetos tortuosos e inacabados, eu descobrí muitas coisas.
Eu poderia estar fazendo esse desmantelamento, esse desmonte, essa reciclagem profunda na Terapia, na Psicanálise, no Plano Espiritual, no Misticismo, na Sociologia e Política, de várias formas.
A arte também faz parte desse conjunto.
Mas eu faço isso “a seco” : pra mim, basta viver, seguir adiante, sinto que o meu espírito não fica parado.
Através da minha desconfiança para com o sorriso, eu descobrí que não nasci para comunicar.
Quem nasce para comunicar tem meio caminho andado para a Fama, a Glória e a Fortuna.
Quem lida com Comunicação e tem “talento” nisso, costuma ficar milionário. No mínimo, recebe mais retribuição do Coletivo…
…Se é que o Coletivo tem realmente alguma importância na Fila do Pão do Universo !!!!!
Só que eu, desde menino, vejo os talentos da Comunicação com desconfiança, porque existe uma infinidade de tipos de “sorriso” .
O Comunicador é sempre um canastrão. Porque é um Personagem.
Bem, este papo meu está qualquer coisa, esse papo meu já tá de manhã…
Então devo responder para mim mesmo :
Pare de me cobrar.
Estou A Caminho.